Tem sido propalada com grande alarde a necessidade de tolerância – seja ela comportamental, religiosa, moral ou a qualquer outro tipo de critério que estabeleça uma distinção entre certo e errado. Na verdade o próprio conceito de certo ou errado tem sido substituído por aceitável ou não aceitável, conveniente ou inconveniente.
Espera-se tolerância a tudo, desde todo tipo de idéia, conduta, credo religioso à tolerância ao comportamento homossexual. A tolerância é considerada uma espécie de panacéia - um antídoto a todo tipo de preconceito, racismo e outros males da humanidade. O cidadão “intolerante” é então visto como um anti alguma coisa – um marginal da sociedade igualitária e tolerante.
Leis que coíbem a intolerância têm sido feitas e não falta até quem use textos bíblicos para apoiar a necessidade de tolerância, citando que Jesus convivia muito bem com todo tipo de pecador.
De repente nos vemos numa situação em que, na verdade, o que se está se impondo não é tolerância, mas aceitação. Tolerância significa “atitude de admitir a outrem uma maneira de pensar e agir diferente da adotada por si mesmo”. Já aceitação significa conceitualmente aprovação. Portanto, tolerar e aceitar são atitudes muito diferentes.
O argumento da tolerância tem sido uma desculpa pra exigir-se aceitação de muitas atitudes ou conceitos que contrariam o senso comum e a ética que sustentou nossa civilização, tornando-se um “cala boca” generalizado. A universalização da atitude “tolerante” nos impediria de expressar contra qualquer tipo de conduta que julgássemos errada, pois seus praticantes sempre poderiam alegar que não estamos sendo tolerantes.
Assuntos da nossa realidade atual como as cotas raciais (que oficializa o racismo no Brasil) é visto como um avanço social incontestável. Contestá-las é colocar-se na posição de retrógrado ou mesmo "defensor das elites". Ou seja, você tem que aceitar e nem pesar em discordar.
Mais do que isso, temos sido forçado aceitar atitudes contrárias aos nossos próprios conceitos. O exemplo mais flagrante é sobre o comportamento homossexual. Não é possível se posicionar abertamente contra o homossexualismo sem correr o risco de ser processado por preconceito e discriminação – afinal “é preciso tolerância”.
Mais recentemente temos o caso das cracolândias, em que se tem criticado a intenção de internação compulsória dos viciados. Como uma sociedade organizada pode assistir impassível a uma legião de zumbis se autodestruindo e ainda dizer que eles teem direito disso? Direito de violar a lei? Direito de roubar para sustentar o vício? Tolerância para com aqueles que abriram mão de sua dignidade e sanidade em troca do vício? Todos teem direito, mas e os deveres e responsabilidades para onde foram?
Aquilo que julgamos ser essencialmente errado não é preconceito e sim conceito. Temos que admitir a existência do falhas e tendências ruins em nossas vidas, mas isso não significa aceitá-las. Se devemos controlar nossas más ações/tendências e estimular as boas e virtuosas, com respeito aos outros não é diferente. Tolerância deve significar que não os vemos como inimigos, mas como pessoas que, como nós, precisam mudar de rumo para alcançar uma vida plena de significado e virtude.
A postura correta precisa ser bem clara: Tolerância sim, aceitação não.