quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Macaco de Três Cabeças

Conforme eu havia prometido, aqui vai o texto que motivou todo o último post. Sim, tenho coisas mais interessantes para escrever. Porém, esse conto, por qualquer qualidade ou defeito que tenha, foi o meu pontapé inicial para escrever. Daí para frente, não parei mais. Só de vez em quando, vai...


O Macaco de Três Cabeças


Para Alan Biffi e Fábio Tomio (que me deram a idéia).

Quem nunca brincou de enganar um amigo? Fábio queria se sentar onde Plínio se sentara. Não pensou duas vezes, gritou:
- Olha, Plínio! Um macaco de três cabeças!
Plínio que se levantara ávido para enxergar o animal gritando “Onde, onde?” nem se dera conta de que fora passado para trás e perdera seu lugar no banco embaixo da sombra das árvores da pracinha do bairro para Fábio.
- Ah, meu! Você me passou para trás! – Plínio resmungava.
Nem era necessário dizer que a risada tomou conta da turma ao ver o amigo acreditar que realmente existia um macaco de três cabeças. Jurandir estava ficando inclusive com cãibras na barriga e no rosto de tanto que ria. Fábio já estava com excesso de ácido láctico há algum tempo, de tantas gargalhadas. Desta simples zombaria, naquela tarde de quarta-feira, surgiu o macaco de três cabeças. Ele desceu de uma grande sibipiruna acima dos três amigos, para grande espanto dos dois
sentados. Saltou no meio dos três garotos como uma grande bola de pêlo preta, ficando de costas para Plínio e com as três faces de frente para Jurandir e Fábio. Das três cabeças do excêntrico animal, uma não falava, outra não ouvia e a outra não enxergava mostrando os olhos vazados sempre abertos. Ele tinha a dimensão de um gorila. Seu corpanzil impunha respeito a julgar pela sua suposta força, porém suas cabeças eram menores do que o proporcional. Se apenas houvesse uma delas presa ao corpo, o monstro teria uma aparência ridícula.

Lágrimas escorriam, contornando as espinhas e molhando os cravos do rosto de Plínio. Maravilhado pelo ser fantástico a sua frente, pulava e pulava de alegria com os braços esticados para cima. A cada salto, Plínio encolhia as pernas quando estava no alto e as esticava para a aterrissagem gritando vivas e mais vivas. Acreditava piamente que o ser era um fruto de sua fértil imaginação de um adolescente de treze anos, como nas revistas em quadrinhos japonesas que lia religiosamente. Creu, naquele momento, ser o senhor do macaco. Um garoto poderoso.
Fábio não sabia o que dizer. Não sabia o que pensar. Estava paralisado. As pernas estavam esticadas. A bunda, qualquer um diria colada no assento de concreto. Não corria. Jurandir o abraçara com força e batia os dentes como se estivesse o mais frio dos invernos naquela ensolarada tarde de verão.
O macaco de três cabeças então se pôs ereto, olhou para baixo, vislumbrando as duas criaturas em pânico, encolhidas. Então, a cabeça do meio, que não tinha orelhas falou:
- Sou o macaco de três cabeças, o ser mais sábio do mundo. Meu julgamento é perfeito. Minha sentença é implacável. Minha palavra é única.
Plínio entrou na frente dos dois amigos e falou:
- Você é meu! Você é perfeito porque surgiu da minha fé! Do meu poder! Agora se curve diante de mim e me ponha sentado em cima do seu ombro, pois vamos nos apresentar ao mundo e salvá-lo do mal.
A cabeça sem boca olhou na direção do garoto que num instante passara de bobo a déspota. Então a cabeça cega abriu a boca:
- A decisão foi unânime. Seu julgamento foi encerrado. O veredicto será dado com a sentença!
Então a cabeça do meio olhou para Plínio junto com a cabeça sem boca. Como um bate-estaca o braço do macaco desceu sobre a cabeça do garoto que apontava o dedo para ele e o esmagou, espalhando suas tripas e ossos pelo chão. Só os braços ainda continuavam a manter a forma original. O resto conferia a uma pizza com dois braços no piso de cimento trincado da pracinha. Até o desenho da amarelinha pintado no chão fora coberto por sangue. Jurandir e Fábio soltaram um grito oco. Em nada pensavam, se não em onde estariam outros transeuntes que pudessem ver o que acontecia e, de alguma maneira, obter ajuda. 

Publicado originalmente no O Condutor, 03/2005.

Sim, termina desse jeito. Quem sabe um dia eu ainda continuo a história...

É isso.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A Originalidade e o Macaco de Três Cabeças


Como é difícil ser original em alguma coisa! Recentemente, no trabalho, saí do elevador e ouvi um certo rapaz falar para uma senhora: “Olha! Um macaco de três cabeças!” Eu fiquei, além de espantado, orgulhoso! Afinal um total desconhecido leu um conto que eu escrevi (Publicado em 2004, no jornal da minha faculdade). Com o passar do dia, ao comentar com um colega de trabalho o que tinha acontecido, ele responde de bate pronto que já ouviu a expressão. Ela vem de um jogo muito antigo, de 1990, chamado Monkey Island. Um personagem do jogo usava essa expressão para enganar os outros. Até a figura do Macaco de Três Cabeças que eu concebi em minha mente é parecida com a mostrada pelo jogo.


Monkey Island


O Macaco de Três Cabeças do Jogo Monkey Island

Refletindo melhor sobre a ocasião, escrevi a referida história por conta de uma história engraçada que meus amigos contaram. De que um rapaz apontou o dedo para um suposto macaco de três cabeças e enganou outro. Ou seja, ou a pessoa era muito criativa, ou ela tinha jogado Monkey Island. E acabei me convencendo de que a minha idéia não era tão original quanto eu pensava. É curioso, mas quando digitei o nome do referido conto no google, apareceu no primeiro resultado “Monkey Island” (Já buscando no Yahoo aparece outra coisa, mas não vem ao caso). Em 2004, o primeiro resultado que aparecia era o do jornal da faculdade. Não havia nada sobre esse jogo. Lendo um pouco mais os resultados percebi que o Monkey Island apareceu em primeiro lugar dada a declarada inspiração neste jogo para o roteiro do filme Piratas do Caribe. Mas quem se lembrava do Monkey Island? Passei a prestar um pouco mais de atenção neste tipo de coisa em um sentido mais amplo.

“As aventuras de Pi” x “Max e os Felinos”


Capas dos respectivos Livros

A idéia do filme, para mim, pareceu muito original até ver o artigo acima. Se baseia em um livro do brasileiro Moacyr Scliar. É curioso que o autor do filme realmente viu o livro e acusou o brasileiro de estragar uma ótima idéia. Idéia que veio do próprio brasileiro e não do cara (Yann Martel). Que folgado! Fácil criticar depois que já está feito, não? Enfim, vale a pena ver a entrevista que o autor do livro original dá sobre o assunto, de originalidade, inclusive:


“Ipad” x “Tablets”

Depois que Steve Jobs faleceu, ele quase foi canonizado como santo inventor dos tablets e dos smartphones. Mas ele não foi quem tem teve essas idéias não. Já haviam vários produtos no mercado antes do dele. Porém, na era moderna, o ex-presidente da Apple é conhecido como o pai desses aparelhos, de um modo geral.


“Viva La Vida” x “If I Could Fly”

Esse já é um dos mais escandalosos, mas poucos prestaram atenção. O Coldplay, colocou uma letra em cima da música “If I Could Fly” do Joe Satriani, e a chamou de “Viva La Vida”. Não sou eu quem está falando não. Tem uma série de vídeos em que vários músicos provam que é plágio. Mas enfim, quantos sabiam que o Joe Satriani tinha uma música assim?



Se pararmos para ver o ponto em comum dos 3 casos que mostrei, em todos observamos que quem é lembrado é quem teve o seu produto mais consumido no mercado. Que conseguiu vender a idéia mesmo não sendo sua! É esse o reconhecido como autor original da coisa.

·      No caso do livro, “As aventuras de Pi” vendeu infinitamente mais do que “Max e os Felinos”.
·      No caso dos Tablets e Smartphones, Iphones e Ipads são e continuarão dominando uma grande fatia do mercado por um bom tempo.
·      No caso das músicas, Coldplay, é uma banda muito mais pop e cujas músicas tem muito mais exposição nas rádios do que as músicas de Joe Satriani, um grande instrumentista.

Realmente, hoje ainda é mais difícil ser original! Estando conectado na internet, conseguimos saber com muito mais eficiência se alguém já teve alguma de nossas idéias. Porém é impossível saber com certeza, se quem as teve não as divulga.

Com relação ao meu conto que originou este post, será postado logo em seguida.

É isso!

terça-feira, 2 de abril de 2013

A Grande Bomba de Fumaça


 O que pensar do caso da Comissão de Direitos Humanos e do Deputado Marco Feliciano? Simplesmente o “Ele não me representa!”, modinha no Facebook e Twitter? Acredito que valha a pena discorrer sobre o assunto, inclusive em diversos posts, pois ele cada vez mais está se tornando uma verdadeira Bomba de Fumaça para as coisas grandes que estão acontecendo e que estamos deixando de ver nos focando no Feliciano. Para tanto, referencio a entrevista que ele deu no programa “Agora é Tarde”, da rede Bandeirantes, no dia 28/3/2013.



Esta entrevista foi muito interessante, por deixar escancarar uma série de verdades inconvenientes que muitos não queriam ver ou mesmo permitir associações não tão óbvias de se ver.

Relevância da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

Logo no começo da entrevista, Danilo Gentili pergunta como o Deputado foi parar na Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Marco Feliciano, conta uma história no mínimo interessante. Revela que o PSC ficou responsável pela respectiva comissão, por conta da mesma ser considerada a de menor prioridade pelo governo. Isso mesmo! A de menor prioridade! Então, uma comissão cheia de polêmicas vai parar na mão de um partido de cunho religioso, pois o mesmo é tido como o menos relevante durante a distribuição de cargos. E a culpa é de quem mesmo? É do PSC ou é do PT?  Vale a reflexão, não acham? O Feliciano está sendo apenas a consequência de um monte de negociatas. Dizer que ele não o representa é besteira. Representa sim! Representa as prioridades do governo Dilma e dos interesses de seu partido! Se a sua prioridade como eleitor são os direitos humanos, deveria ter pensado melhor antes de votar.
Acho importante dizer também que, dado o cenário, estando a comissão na mão do PSC, qualquer parlamentar que estiver ali vai ser chamado de homofóbico. Qualquer um, afinal, homofobia, como vem sendo concebida por alguns ativistas, é qualquer sentimento contrário ao comportamento homossexual. Qualquer sentimento!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Homofobia


A Comissão é de Direitos Humanos e Minorias ou apenas de um pedaço das minorias?

Com toda a pressão que um determinado grupo está exercendo, fica a impressão de que a comissão é exclusiva das minorias ou de algum grupo de minorias. No caso, o movimento LGBT. Movimento organizado, que tem influência direta sobre ou detém controle sobre a mídia. Diversos artistas, formadores de opinião, manifestam sua reprovação a Feliciano. Existe também uma grande militância organizada do movimento LGBT nas redes sociais.
Porém, o objetivo da comissão não é atender as necessidades exclusivas deste grupo! O objetivo dessa Comissão é um objetivo maior:

http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/conheca-a-comissao/oquee.html

Vamos tomar como exemplo o que foi citado na entrevista: Torcedores do Corinthians presos na Bolívia, brasileiros no corredor da morte da Indonésia ou mesma meninas que são detidas em presídios junto com homens. Logicamente, os espíritos de porco podem dizer que os torcedores do Corinthians presos na Bolívia não merecem a atenção, pois o Corinthians não é minoria. Porém lembrem-se: é uma comissão de Direitos Humanos também.

Agora, vale a reflexão. Feliciano, ao ser nomeado, não era um nome adequado para o objetivo maior, dado que todos os parlamentares membros do PSC também são teoricamente cristãos (ou seja, a maioria, senão todos, não devem endossar a militancia do movimento LGBT)?


Formação de uma “GESTAPO”

Em um dos meus primeiros posts no Blog, comentei sobre o PNDH-3 (Programa Nacional de Direitos Humanos, versão 3). Um AI-5 vindouro para o nosso país. Apesar do nome, uma série de medidas dele vem sendo tomadas silenciosamente e elas não estão diretamente associadas à Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

O documento pode ser encontrado aqui:

http://media.folha.uol.com.br/brasil/2010/01/11/decreto-programa_nacional_de_direitos_humanos.pdf

Logo no começo do documento está descrito o seguinte:

Página 1 – “c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos criminosos;”

Como já havia comentado antes, o que raios é essa “profissionalização da investigação de atos criminosos”? É de se parar para pensar, afinal, já temos várias polícias. Não obstante, estão nos avisando que vão criar mais uma.
Já na página 7, encontramos o seguinte:

“Fortalecimento dos instrumentos de interação democrática para a promoção dos Direitos Humanos.

Ações programáticas:

a)Criar o Observatório Nacional dos Direitos Humanos para subsidiar, com dados e informações, o trabalho de monitoramento das políticas públicas e de gestão governamental e sistematizar a documentação e legislação, nacionais e internacionais, sobre Direitos Humanos.

Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

b)Estimular e reconhecer pessoas e entidades com destaque na luta pelos Direitos Humanos na sociedade brasileira e internacional, com a concessão de premiação, bolsas e outros incentivos, na forma da legislação aplicável.

Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores;”

Vamos lá meus caros! Já se perguntaram o que viria a ser a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República? Você ficaria surpreso se daqui a alguns anos encontrasse os cidadãos abaixo, os mesmos que desocupados gritam sem parar dentro do congresso em protesto contra o deputado Feliciano, como chefes desta secretaria no congresso? Eles estão lá apenas militando pela causa?




Já nos perguntamos que tipo de política governamental estamos estimulando? A delação “premiada” de quem viola os “direitos humanos”? É debaixo dessa patrulha ideológica que queremos viver?


Todo o mal restante do Brasil deixado de lado

Todos os latrocínios, crimes do colarinho branco, homicídios, saques aos cofres públicos e denúncias tornaram-se secundários perto do "maligno" Marco Feliciano. Criminosos condenados no mensalão assumem cargos comissões no congresso e a mídia não fala nada. As denúncias do Romário então... Fora o homicídio de cada dia que acontece em São Paulo.

Paro por aqui, apesar de existir mais para se falar.

É isso.