domingo, 1 de dezembro de 2013

Que se cortem as árvores !


Hoje pela manhã assisti uma cena que me chamou a atenção.  Em uma cidade perto de Brasília um rio havia sido canalizado.  As imagens mostravam um excelente trabalho de canalização.  Em certo lugar, provavelmente passando por baixo de uma estrada, formava um túnel, uma espécie de gruta bem grande para conter um grande volume de água.  Mas, naquele momento, corria apenas um filete de água.  O fato é que alguns adolescentes da região resolveram brincar dentro daquele túnel e houve uma tromba d’água na cabeceira do rio que fez subir a água (por isso o túnel era grande), de repente e os levou.  Dois morreram.

Na sequencia da reportagem, aparece o pai de um das vítimas emocionado e clamando por providências de que o rio fosse cercado.  O rio fosse cercado?!?! Mas ele sempre esteve lá.  Foram os adolescentes imprudentes que se meteram onde não deviam...

No mesmo dia outra notícia trágica.  Na cidade de Jacareí foi construído um piscinão para acumular água da chuva.  Ele estava totalmente cercado e com placas de aviso de perigo.  Outra vez um grupo de adolescentes pulou a cerca e foram nadar.  Um morreu afogado.  Adivinhe?  O pai do rapaz aparece colocando a culpa na prefeitura.

Diante dessa mentalidade mostrada na TV, fiquei imaginando a seguinte situação: uma criança sobe em uma árvore na rua, cai e morre.  Os pais apareceriam na televisão solicitando que se cortassem as árvores.  Ou seja, a culpa é da árvore por existir e da prefeitura que a plantou, mas não da criança ou mesmo de um adulto que tenha subida nela.  Agora para impedir novas “travessuras” que se cortem as árvores.

Fico impressionado com a capacidade dos brasileiros nunca pensar que são responsáveis pelos seus atos e atribuem a culpa a outrem, preferencialmente o governo.  Nos dois casos, a responsabilidade direta do ocorrido cabe às vítimas e indiretamente a seus pais que não os educaram para disciplina e bom senso.  De ninguém mais.

Enquanto nos conformarmos em culpar o governo, a sociedade ou o “sistema” (o que é isso?) continuaremos a trilhar caminhos perigosos onde as consequências são por vezes fatais.  Enquanto isso não acontecer: que se cortem as árvores!