Hoje pela manhã assisti uma cena que me chamou a
atenção. Em uma cidade perto de Brasília
um rio havia sido canalizado. As imagens
mostravam um excelente trabalho de canalização.
Em certo lugar, provavelmente passando por baixo de uma estrada, formava
um túnel, uma espécie de gruta bem grande para conter um grande volume de
água. Mas, naquele momento, corria
apenas um filete de água. O fato é que
alguns adolescentes da região resolveram brincar dentro daquele túnel e houve
uma tromba d’água na cabeceira do rio que fez subir a água (por isso o túnel
era grande), de repente e os levou. Dois
morreram.
Na sequencia da reportagem, aparece o pai de um das vítimas
emocionado e clamando por providências de que o rio fosse cercado. O rio fosse cercado?!?! Mas ele sempre esteve
lá. Foram os adolescentes imprudentes
que se meteram onde não deviam...
No mesmo dia outra notícia trágica. Na cidade de Jacareí foi construído um
piscinão para acumular água da chuva.
Ele estava totalmente cercado e com placas de aviso de perigo. Outra vez um grupo de adolescentes pulou a
cerca e foram nadar. Um morreu
afogado. Adivinhe? O pai do rapaz aparece colocando a culpa na
prefeitura.
Diante dessa mentalidade mostrada na TV, fiquei imaginando a
seguinte situação: uma criança sobe em uma árvore na rua, cai e morre. Os pais apareceriam na televisão solicitando
que se cortassem as árvores. Ou seja, a
culpa é da árvore por existir e da prefeitura que a plantou, mas não da criança
ou mesmo de um adulto que tenha subida nela. Agora para impedir novas “travessuras” que se
cortem as árvores.
Fico impressionado com a capacidade dos brasileiros nunca
pensar que são responsáveis pelos seus atos e atribuem a culpa a outrem,
preferencialmente o governo. Nos dois
casos, a responsabilidade direta do ocorrido cabe às vítimas e indiretamente a
seus pais que não os educaram para disciplina e bom senso. De ninguém mais.
Enquanto nos conformarmos em culpar o governo, a sociedade
ou o “sistema” (o que é isso?) continuaremos a trilhar caminhos perigosos onde
as consequências são por vezes fatais.
Enquanto isso não acontecer: que se cortem as árvores!